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Substância presente no vinho inverte efeitos da obesidade

Composto amplia expectativa de vida de camundongos e elimina problemas de saúde ligados ao consumo de dieta muito calórica.

Agora já sabemos por que Baco, o deus greco-romano do vinho, apesar de ser um gordão, era imortal. Cientistas descobriram que o consumo de uma substância presente no vinho tinto pode contra-atacar os efeitos maléficos à saúde causados por uma dieta com alto consumo de calorias.

O composto, chamado resveratrol, é encontrado em uvas vermelhas e, por consequência, no vinho tinto. Ele já é estudado pelos cientistas há alguns anos, e pesquisas anteriores já haviam demonstrado que seu consumo aumentava o tempo de vida de fungos (Saccharomyces cerevisiae), vermes (Caenorhabditis elegans) e moscas (Drosophila melanogaster). Agora, a equipe comandada pelo americano David Sinclair, da Escola Médica de Harvard, e pelo espanhol Rafael de Cabo, dos NIH (Instutos Nacionais de Saúde), nos Estados Unidos, mostrou que efeito similar é observado em camundongos. Mas não em quaisquer camundongos. Camundongos pançudos.

Os bichinhos receberam uma dieta de fazer inveja a qualquer fã de fast-food. Para acompanhar, 400 miligramas de resveratrol para cada quilo de alimento. Como esperado, os camundongos reagiram com as criaturas testadas anteriormente e viveram mais. Mas as informações mais relevantes vieram quando eles analisaram tecidos dos animais e descobriram que muitos dos efeitos deletérios que normalmente acompanham a obesidade, afetando o funcionamento de vários órgãos, não estavam lá.

“Levadas em conjunto, as descobertas nesse estudo mostram que o resveratrol inverte a fisiologia dos camundongos que consomem calorias em excesso para a dos que têm uma dieta padrão, modula os processos que levam à longevidade e melhora a saúde”, escrevem os autores, num estudo que acaba de sair publicado on-line pela revista científica britânica “Nature”.

Foto: Matthew Rogers
Foto: Matthew Rogers

E, pelo menos nos camundongos, os cientistas não perceberam efeitos colaterais. “Nenhum efeito ruim foi observado”, diz David Sinclair. “Eles viveram mais.” Segundo seu colega Rafael de Cabo, outros estudos feitos com a mesma substância chegaram a dar um grama por dia aos camundongos sem efeitos colaterais.

A descoberta pode apontar na direção do desenvolvimento de medicamentos que combatem os malefícios da obesidade, tornando-o apenas um problema estético. Num mundo em que 2,1 bilhões de pessoas estão com sobrepeso, é um belo resultado.

Entretanto, os cientistas enfatizam que essa pílula mágica ainda está bem longe das prateleiras. “Precisamos fazer muito mais pesquisas para definir os alvos e a especificidade de ação nos tecidos”, diz De Cabo. “Eu não recomendo tomar resveratrol até sabermos isso.”

E, a despeito do sucesso de Baco, a solução não está em encher a cara de vinho. “A concentração do resveratrol no vinho está na faixa dos microgramas por taça”, explica De Cabo. Um micrograma equivale a um milésimo de miligrama. “Dependendo do vinho, para tomar a dose equivalente à que demos a nossos camundongos, seria preciso consumir vários litros por dia”, diz o pesquisador espanhol. Se alguém tomar tudo isso, os efeitos deletérios do álcool em muito superarão os benefícios do resveratrol.

Fonte: G1

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